XVIII Seminário Internacional de Lutas contra o Neoliberalismo

A Crise Orgânica do Capital,
a Geopolítica de Ruptura da Ordem Unipolar,
e a Relevância Estratégica da América Latina e do Brasil

21 de setembro e 19 de outubro

Salão Nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS-UFRJ)

Largo São Francisco de Paula, 1, Centro - Rio de Janeiro, RJ

Ementa

A Crise Orgânica do Capital, a geopolítica de ruptura da ordem unipolar e a relevância estratégica da América Latina e do Brasil

          O XVIII Seminário Internacional de Lutas Contra o Neoliberalismo – uma co-realização do Centro de Educação Popular e Pesquisas Econômicas e Sociais (CEPPES), do Laboratório de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LPP-UER), do Núcleo de Estudos Estratégicos Avançados da Universidade Federal Fluminense (NEA/INEST-UFF), do Grupo de Estudos, Pesquisas e Ações Comunitárias em Territorialidades e Corporeidades no Lazer e Turismo da Escola das Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (TerCor/EACH-USP) e da Fundación Mayo ’68 do Equador – na edição deste ano, adquiriu o status de atividade de extensão da UERJ em sua programação oficial UERJ Sem Muros. Como tal, constituiu-se em espaço e fórum para relevantes contribuições ao mundo acadêmico, cultural e aos movimentos políticos e sociais no âmbito local, regional e internacional. A presença de representações diplomáticas de diversos países, representações políticas, destacados intelectuais, docentes e discentes de instituições, centros e grupos de ensino e pesquisa nacionais e internacionais, e lideranças dos movimentos sociais urbanos e rurais constitui um espaço de cooperação intelectual, formação multidisciplinar e de envolvimento e participação social, transcendendo o ambiente hermético do ensino superior brasileiro.

          A Comissão de Organização do evento convoca o público em geral a se inscrever e participar da programação desta XVIII edição do Seminário, que se desenvolverá em formato híbrido, presencial e virtual. A Parte I (presencial) será composta por conferências, debates e atos político-culturais; a segunda parte (virtual) será dedicada à apresentação de trabalhos discentes. O Seminário é parte da tradicional homenagem aos periódicos Inverta e Granma Internacional e à Agência Latino-americana de Notícias Prensa-Latina por sua relevância na Batalha de Ideias e na luta contra a desinformação no Brasil durante 33 anos, 32 e 20 anos, respectivamente. Em sua realização este ano, o Seminário conta com o apoio da Inverta Cooperativa de Trabalhadores em Serviços Editoriais e Noticiosos, do Grupo Interdisciplinar Marxista da Universidade Federal da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (GIM-UNILAB), do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ), do Congresso Nacional de Lutas Contra o Neoliberalismo (CNCN), da Associação de Metalúrgicos Aposentados do ABC Paulista (AMA-ABC), da Associação Casa das Américas – Núcleo Nova Friburgo, entre outros.

          A temática A Crise Orgânica do Capital, a Geopolítica de Ruptura da Ordem Unipolar e a Relevância Estratégica da América Latina e do Brasil se distribui em quatro mesas específicas a cada conjunto de temas abordados. Os conferencistas têm amplo leque de opções para abordarem, em parte ou na totalidade, o temário.

Temática

TEMA 1

Crise Orgânica do Capital,
a ruptura da ordem unipolar e a Nova Geopolítica

A Crise Orgânica do Capital, resultante da erosão do paradigma de valor expressa na relação entre a alta composição orgânica do capital e as taxas de juros reduzidas – perpetuando a tendência decrescente da taxa de lucro nos países do G7 – impulsionou as oligarquias burguesas à estratégia de guerra nas relações políticas internacionais, como se observou na expansão da OTAN sobre os países do Leste Europeu nas últimas três décadas. Golpes militares, atentados terroristas e insurreições coloridas conduziram a conflitos armados e intervenções militares em quase todos os continentes, culminando com a atual guerra da OTAN contra a Rússia na Ucrânia. Nesta, destacam-se três fatores determinantes como fundamentos na sustentação das guerras e conflitos: a tecnologia, os recursos naturais e a economia, como sublinharam Marx, Clausewitz, Kjellén e Mckinder independente das variadas formas e métodos voltados aos objetivos estratégicos. Deste modo, a transição da ordem unipolar para uma nova ordem multipolar e multilateral desenha uma nova geopolítica internacional, em conformação no âmbito global, como demonstra a ruptura da hegemonia militar-tecnológica dos EUA pela Rússia, a ruptura econômica e financeira da hegemonia dos EUA pela China, e a ruptura política da hegemonia dos EUA pela ação de países como Brasil, Índia e África do Sul. Neste contexto, a América Latina, e em especial o Brasil e os países da Bacia Amazônica, tendem a desempenhar um papel protagonista na transição da hegemonia política do G7 para os BRICS.

TEMA 2

O papel estratégico da América Latina na Nova Geopolítica Mundial

A América Latina, diante da Crise Orgânica do Capital nos países de alta composição orgânica e desenvolvimento tecnológico, considerando a importância geopolítica dos recursos naturais e humanos diante da transição da ordem unipolar para uma nova ordem multipolar, tende a transitar da posição de reserva estratégica à hegemonia econômica, política e militar dos EUA a ator principal na transição da liderança política global dos EUA para uma nova liderança multilateral compartilhada dos BRICS, em que se destacam o Brasil, a Índia e a África do Sul. A aliança da América Latina através das articulações do Mercosul, ALBA-TCP, CELAC, entre outras, em especial a que se faz necessária entre os países da Bacia Amazônica, constitui uma base supranacional com fortes possibilidades de fazer avançar o processo de transição energética, a exemplo do protagonismo desenvolvido pela OPEP durante a década de 1970 e posterior à mesma. Esta necessária unidade econômica, política, tecnológica e militar, projetada nos BRICS, constitui importância estratégica decisiva no modelo de desenvolvimento econômico independente, soberano e de governança hegemônica compartilhada em uma nova ordem multipolar e multilateral.

TEMA 3

O Brasil de volta ao centro da geopolítica internacional

A vitória da frente ampla que elegeu Luís Inácio Lula da Silva de volta à presidência do país também reconduziu o Brasil ao centro dinâmico da geopolítica mundial, devido a seu protagonismo na formação dos BRICS. O Brasil esgrime potencialidades estratégicas para exercer uma liderança política emergente na hegemonia mundial. Suas reservas de biodiversidade, recursos humanos e desenvolvimento são condições necessárias ao avanço da América Latina a um papel estratégico, não apenas nos BRICS, mas em todo o Sul Global e mundialmente, perpassando o G7, os países socialistas e os não-alinhados ao imperialismo norte-americano. Apoiando-se em suas relações pacíficas e mediadoras em toda a América Latina, e seu papel de motor da economia regional, enfrenta três desafios para desempenhar esta posição de vanguarda: primeiro, extirpar a herança de desigualdade, opressão e superexploração que conforma sua herança colonial, com uma Revolução científico-técnica e cultural e um novo modelo de desenvolvimento econômico e governança compartilhada com a participação dos movimentos sociais e fundados na transição energética; segundo, aplastar do país as forças reacionárias e pró-fascistas das oligarquias e setores médios representadas pelo bolsonarismo, entre outros; e terceiro, propiciar o desenvolvimento econômico solidário e compartilhado com todos os países da região e forjar a unidade contra o imperialismo e as forças pró-fascistas e reacionárias em todo o continente.

TEMA 4

Os movimentos sociais, a Revolução Científico-Técnica e a luta contra o neoliberalismo
na Nova Geopolítica Internacional

As lutas de classes e sociais nas duas primeiras décadas do século XXI condensam a transição do keynesianismo ao neoliberalismo refletida no receituário de privatização, flexibilização e desregulamentação do trabalho e do capital financeiro. As rebeliões dos trabalhadores e povos oprimidos contra o neoliberalismo, chegando à direção política de diversos países, desencadearam a intensificação global da Revolução Informacional ou Terceira Fase da Revolução Industrial, conduzindo ao paroxismo a composição orgânica do capital e a crise na formação do valor, ao romper seu paradigma de mensuração (tempo socialmente necessário). As transformações nas relações de trabalho e na subjetividade da classe trabalhadora embotaram suas organizações e lutas tradicionais. A divisão técnica e orgânica do trabalho – trabalho virtual e tecnológico – romperam com a ideia de tempo, espaço e fisiologia humana na produção da mais-valia; o trabalho domiciliar e autônomo se vestiu de empreendedorismo e liberdade, eclipsando o desemprego, a superexploração e a informalidade (novas formas de acumulação primitiva). Elas desconheceram gênero, raça, etnia e idade, alteraram o conceito de exército industrial de reserva de regulador a produtor de mais-valia, conformando o submundo do capital, vertebrado pelo setor financeiro e controlado pelas forças de repressão paramilitares e oficiais e aparelhos ideológicos do sistema que atuam sobre a subjetividade dos trabalhadores. As lutas de classes no Século XXI demonstram a limitação das organizações tradicionais em forjar a sua unidade frente ao inimigo comum e seu aparato tecnológico em suas variadas vestes, requerendo mais que novas organizações de lutas, o domínio do General Intellect e Knowledge Social Geral, como previu genialmente Marx em sua conferência de 1866 à Associação Internacional dos Trabalhadores, ao propor escolas operárias politécnicas independentes do Estado burguês. Ciência, Educação e Cultura nas mãos do capital exigem uma organização omnilateral, politecnicamente preparada para combatê-lo em suas vestes neoliberais e superar sua opressão econômica, politica, tecnológica e militar.

Realização do XVIII Seminário

HOMENAGEADOS

ANFITRIÕES

COLABORAÇÃO E APOIO